sexta-feira, 6 de novembro de 2009

POR QUE DOUTORES SE INSCREVERAM NO CONCURSO PARA GARI?


Ofertas abundantes e tentadoras. No quadro de avisos do curso preparatório para quem quer fazer concurso público, os salários merecem lugar de destaque.

A estabilidade de emprego e a possibilidade de ascensão profissional levam milhões de brasileiros, todos os anos, a enfrentarem duras provas. São disputas acirradas, às vezes cem candidatos para cada uma das vagas.

“As pessoas se dedicam bastante. Eu imagino que na média de um ano, um ano e pouco as pessoas conseguem passar. Tem que se dedicar bastante, no mínimo oito horas de estudo por dia”, diz um candidato.

Mas nos últimos dias a formação educacional de candidatos a gari surpreendeu muita gente. Entre os inscritos mais de mil universitários, 86 estão fazendo pós-graduação, 24, mestrado e mais de 50 já terminaram o doutorado.

A função exige somente quatro anos de escolaridade e o mais intrigante: não há provas de conhecimentos específicos. Só exames físicos. A consultora de concursos Lia Salgado estranhou, mas aponta uma possível razão.

“O que eu acho é que a instituição concurso público nunca foi tão divulgada. O que acontece é que pessoas que estão com dificuldades reais de se sustentar vislumbram nesse concurso uma possibilidade de uma aprovação bem rápida, praticamente imediata. Não é tão pouco, é um salário em torno de R$ 700, mais plano de saúde, vale-transporte. É uma condição que permite que a pessoa siga buscando um estudo maior, uma preparação até para um outro concurso de nível mais adequado para a sua formação” opina Lia Salgado.

Será mesmo essa a única saída para quem precisa de um emprego? O diretor de gestão de pessoas da companhia de limpeza urbana, José Paulo Junqueira Lopes, que coordena o concurso para garis, também não encontra uma explicação plausível: “Isso é uma curiosidade também nossa. Não esperávamos um número de inscrições tão grande assim de candidatos com formação maior”.
Especializado em políticas públicas, o juiz federal William Douglas ainda procura uma justificativa para o fato de tantos mestrandos e doutores buscarem o emprego.
“Legalmente ele pode fazer, o que seria ilícito e caso de medida judicial é entrar em um cargo para passar para outro ou ser requisitado para amigo que é deputado. Aí não pode. Alguém com doutorado fazer concurso para gari é lícito, mostra até humildade, mas certamente vai ser alguém que não vai estar feliz ali e isso não é bom para o serviço público e nem para a pessoa”, aponta William Douglas.

Fonte: Portal G1

Resumo da Ópera: Está provado que não há como "tapar o sol com a peneira" - desculpe-me pela frase ultrapassada -, mas cá entre nós, o doutor gari também não pode fingir que está varrendo a rua! Seus amigos companheiros de vassoura e titulares do nível fundamental estão de olho e não vão gostar de ver os doutores fazendo corpo mole...

A grande verdade é que a condição intelectual em que se encontra um PhD não lhe daria satisfação alguma em sambar e cantar a letra: "Diga onde você vai que eu vou varrendo...vou varrendo...vou varrendo...vou varrendo..."

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