A Incrível História da Juíza Federal Angelina de Siqueira Costa.
Irei postar aqui um pouco da história de Angelina de Siqueira Costa, Juíza Federal na 3º Vara Federal de Niterói, Rio de Janeiro. Negra, pobre e doméstica, uma pessoa que tinha tudo para continuar com a mesma vida de sempre, mas mudou sua trajetória com muito estudo e muita força de vontade. Esta é uma fantástica história!
Confesso que me esforcei muito para achar uma foto dela, mas não foi possível. Na capa do livro, da esquerda para à direita ela é a segunda. No livro, também tem a magnífica história do William Douglas, Juiz Federal, professor universitário e palestrante que passou em vários concursos jurídicos em primeiro lugar. Portanto, recomendo comprar o livro e ler essas impressionantes histórias de pessoas que venceram por meio do estudo.
Quem quiser ler mais sobre essa linda história e outras impressionantes indico comprar o livro: Estudar! O Caminho do Sucesso, de Falber Reis Freitas. Editora Impetus. Vale muito a pena!
Angelina é um exemplo de alguém que venceu pelo estudo, que não mediu esforços para alcançar o seu ideal.
Venceu a barreira social, mas havia um muro dentro dela mesma, que precisava ser transposto, derrubado: a dificuldade enorme que tinha de se expressar em público, algo que a prejudicou em algumas provas nos concursos para a magistratura.
Talvez esse seja o maior desafio: superar a si mesmo, mas ela mostrou que é possível.
Professora universitária, ministra as disciplinas de Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal e Processo Penal. Sua experiência docente inclui também o preparo de alunos para o processo seletivo da magistratura.
Trabalhou inicialmente na área privada, mudando depois para a área pública na qual ocupou vários cargos como o de Técnica Judiciária Juramentada, Analista Judiciária e Juíza Federal. Foi aprovada em diversos concursos públicos, dentre eles os de comissária de menores, Técnica Judiciária, Advogada Geral da União e Juíza Federal.
Início:
Angelina de Siqueira Costa
“Minha infância foi de uma criança pobre, mas com liberdade. Nós morávamos em casa, era uma criança criada solta, não tinha brinquedos caros, mas brinquedos criativos. Nós mesmos fazíamos os nossos carinhos, com lata, com pedaços de madeira, subíamos em árvores...Acho que isso contribuiu muito para o meu desenvolvimento como ser humano.
A minha mãe era semi-analfabeta, mas o meu pai tinha uma visão da importância da mulher estudar, muito antes dessa liberação toda.
Nós éramos quatro filhas, meu pai nunca na nossa infância falou: você vai casar com alguém de dinheiro, você vai ser dona de casa. Ele sempre nos passou a idéia de estudar, ser professora, naquela época significava independência financeira. Isso na década de cinqüenta. Ele já tinha uma visão da mulher atual, porque antigamente o que a mulher queria? Casar, ser mãe, ter filhos, não é? Meu pai não, ele já tinha a visão de que nós poderíamos fazer aquilo que nós quiséssemos, desde que estudássemos.
O primeiro contato com o mundo da escola:
Foi em piedade, morávamos lá. Estudei em escola pública. Parece que hoje a escola pública não representa mais aquilo tudo que representava na minha época de Ensino Fundamental, que era chamado primário.
Foi uma descoberta maravilhosa. Nós tínhamos uma responsabilidade muito grande de fazer deveres em casa, de leituras, até porque não se tinha a televisão. Por onde nós conheceríamos o mundo? Por meio do livro. Isso foi muito gratificante.
Atualmente, as crianças vêem o Sítio do Pica-pau Amarelo; eu li Reinações de Narizinho e fiquei encantada com aquele livro. Hoje você só aperta o botão da televisão, senta ali e fica inerte. A televisão é uma coisa boa? É, só que tira aquela criatividade que o livro dá. Ele vai te fazendo viajar, você vai imaginando, fazendo uma viagem, ao passo que na televisão não, as imagens já estão ali. Tive essa experiência, que foi muito boa para mim.
Dificuldades nesse primeiro momento de estudante:
Nós encaramos várias. Levar merenda para a escola às vezes era difícil, era um pão com manteiga e açúcar. Também a questão de roupa, sapatos, livros, era tudo muito difícil.
Nós éramos quatro, a minha família não tinha recursos materiais para tanto, mas ao mesmo tempo botávamos papelão no sapato que furava e aproveitávamos até o final dele. Valia a pena, pois tínhamos a consciência de que poderíamos mudar aquilo estudando e crescendo profissionalmente.
O dia-a-dia sempre foi muito bom, pois sou uma pessoa muito aberta, que faz amizades muito rápido. Tive muitos amigos, principalmente porque sempre fui uma das primeiras alunas da escola. As colegas gostavam de ler, de aprender e chegavam até mim como se fosse eu uma professora. A gente ia para casa, estudava em grupo, eu ensinava. Até hoje isso é muito gratificante para mim.
Quando não tinha dinheiro para comprar determinados livros que a escola recomendava, às vezes as colegas que tinham melhor poder aquisitivo compravam e me passavam para ler e ajuda-las na leitura.
Professores que marcaram:
Foram vários os que marcaram, mas uma a quem agradeço até hoje é a professora Dora, do Colégio Progresso. Ela nos passava a necessidade da pesquisa, da leitura, de não ficar só com aquilo que o professor ensinava em aula, mas a curiosidade de buscar mais. Ela era professora de português e, cada prova, cada exercício era sempre por meio da leitura.
Li muito naquela época, e aprendi a gostar de Monteiro Lobato, José de Alencar, Machado de Assis. Toda a nossa formação foi com base nesses autores. Dali, ela extraía a gramática e a literatura, e cada livro para nós era uma descoberta nova.
A adolescência e a relação com a escola:
Sempre fui uma pessoa ambiciosa, no bom sentido. Sempre acreditei que podia e que queria, ou seja, sempre quis e, com uma certa dificuldade, pude.
Só que na adolescência houve um complicador: meu pai faleceu quando eu tinha por volta de quatorze anos, então tive que trabalhar numa casa de família, que era de uma professora minha, e ainda estudar. Ajudava a fazer limpeza e aprendi muito com ela. Foi uma fase gratificante para mim, porque todas aquelas coisas que sei hoje fazer numa casa e faço tudo, comida, qualquer coisa, se estou sem empregada, aprendi com ela.
A gente tinha que trabalhar para ajudar em casa, já não havia mais o pai. Depois, ainda adolescente, fui trabalhar em fábrica. Trabalhei na fábrica de jeans, em Del Castilho, no Rio de Janeiro. Depois, com dezoito anos, fiz concursos para telefonista da TELERJ. Nesse ínterim, passei para a faculdade.
Quando fiz a faculdade, foi uma fase muito estressante porque, como telefonista, o meu salário era para o meu estudo e para ajudar em casa. Queria fazer cursinho preparatório para o vestibular e não tinha condições financeiras, só podia passar para uma faculdade pública, então estudei muito.
Sempre acredito muito em mim, que sempre posso. Então falei: tenho que me dedicar neste ano exclusivamente ao estudo. Morava em Inhaúma, no Rio de Janeiro, trabalhava no Leme, e estudava em Niterói. Fazia quase um triângulo. Chegava a casa à meia-noite, e acordava às seis da manhã. Estudei muito, e, quando saiu meu nome como aprovada na Universidade Federal Fluminense, foi extremamente gratificante.
A escolha:
Na adolescência, pensava muito em ser médica. O que você vai ser? Vou fazer medicina. Depois mudei de idéia porque comecei a ler sobre Direito. Caiu em minhas mãos, por acaso, uma apostila de Direito. Comecei a estudar, gostei e pensei: é isso que gostaria de estudar e saber.
No início dos estudos, não estava direcionada para a magistratura. Meu sonho inicial, quando estava fazendo a faculdade, era a Defensoria Pública, mas depois que iniciei o meu trabalho na Justiça Federal comecei a me preparar para a magistratura federal, e também fazia outros concursos.
Tive uma dificuldade muito grande de ultrapassar as provas orais. Passei na prova para defensoria, passei no ministério público, e não magistratura, nas fases escritas. Ficava sempre na última fase, que era a prova oral. Quando passei para a Advocacia Geral da União, que não tinha prova oral, passei também para a magistratura federal. Então não foi uma escolha de profissão, foi uma escolha de ramo.
Tive que fazer um trabalho de terapia, pois tinha muita inibição em me expressar verbalmente. A prova tinha três fases. Não conseguia passar na barreira da prova oral. Até que, depois de dois anos de terapia, consegui, e hoje faço audiência com tranqüilidade.
A prova oral é um mal necessário, porque, se você é profissional do Direito, tem que fazer audiência, como defensor, promotor ou juiz. Você não pode se inibir diante de ninguém. Tive que trabalhar isso.
Tinha oito horas de trabalho e precisava aproveitar todo o meu tempo livre para estudar. Na minha hora de almoço, ficava estudando, e quando chegava a casa estudava até que o sono me vencesse. Só poderia passar para uma faculdade que não tivesse que pagar estadual ou federal.
Quando me caiu em mãos um livro de Direito, lembro-me de que era Direito Civil, comecei a folhear, achei interessante e passei a ler. Aquilo me apaixonou e daquele momento em diante o meu sonho de adolescência, que era Medicina, passou a ser Direito. Isso aconteceu no segundo grau.
A vida acadêmica:
Foi um sonho realizado. Uma das coisas que me marcou muito foi que quando saiu o meu nome no jornal dos Sports, naquela época estávamos atravessando um fase em que conseguíamos pagar as contas, mas não podíamos fazer nenhum gasto extra, como comprar um champagne, por exemplo. Então fui à padaria, comprei uma coca-cola, e assim brindamos o meu sucesso. Fui a primeira pessoa da família a cursar o nível superior e isso foi muito marcante no meu ambiente familiar, até porque servi de referência para outros membros da família que cursaram ou cursam a universidade.
Já no início da vida acadêmica, eu trabalhava durante o dia e estudava de noite. Não ia à faculdade para brincar, e aquilo que não me era passado pelos professores eu estudava por fora e buscava preencher possíveis lacunas. A vida acadêmica do aluno depende muito dele.
Momentos de crise na graduação:
A dificuldade maior era a falta de prática, porque entendo que faculdade te dá muita teoria e muito pouca experiência prática. A noção que se tinha da prática era muito superficial. Não havia laboratório. Que eu me lembre, só tivemos um júri em uma única ocasião, isso foi frustrante, pois esperava mais.
Quando vi essas dificuldades, comecei a trabalhar em cima delas. Por conta própira, durante as minhas férias, ia para o tribunal do júri, assistia a audiência a audiências. Laboratório na faculdade foi muito escasso. Outra coisa desagradável foi a falta de professores. Mas isso não chega a desmotivar a quem tem um propósito na vida.
Atividades profissionais antes da magistratura:
Minha primeira atividade profissional foi como doméstica. Meu pai morreu e a necessidade financeira fez com que eu trabalhasse em casa de família para dar continuidade aos meus estudos.
Depois disso, trabalhei numa fábrica de jeans, também com o mesmo propósito de continuar estudando. Trabalhei na antiga TELERJ, como telefonista e assistente comercial. Como técnico judiciário, na justiça Estadual, a analista judiciária, na Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Na Justiça Federal, no cargo de analista judiciária, exerci a função comissionada de oficial de gabinete, função que me possibilitou a estudar mais e melhor, vindo a conseguir passar no concurso de provas e títulos para a Advocacia Geral da União e Magistratura Federal.
Processo de preparação para a magistratura e sobre o concurso em si:
Poderia definir a preparação como sendo um longo, lento e espinhoso caminho. É muito difícil. É uma preparação quase desumana. Você esquece que tem família, que tem vida social. Você se dedica vinte e quatro horas à preparação. Isso se agrava quando se tem que trabalhar ao mesmo tempo.
Quando me preparava para a magistratura, meu horário de trabalho era das 11 às 19h. O que eu tinha que fazer? Tinha que me preparar na parte da manhã das 6 às 9h30m, 10h. Depois me arrumava para ir ao trabalho. Quando voltava, era a mesma coisa, chegava a casa, fazia um lanche rápido e voltava a estudar até onze e pouco da noite.
Sábado, domingo, feriado, férias, isso não existe. Você está se preparando para um concurso, está querendo realizar o sonho profissional da sua vida, e há um preço. No dia das mães, pegava o telefone e dizia:
- Mãe, um beijo. Eu te amo. Gosto muito de você. Vou fazer um depósito na sua conta para você comprar o seu presente.
E por aí vai. É difícil ter vida social, mas não me arrependo, faria tudo novamente! Valeu a pena!
O concurso:
O concurso propriamente dito é muito estressante. Você passa pela vida como se não existisse mais nada.
Primeiro, tem-se uma prova escrita, onde é feita uma peneira, que tira os possíveis. Dos dois, três mil candidatos, ficam cem, centos e poucos. Essa é a prova que vai realmente peneirar.
Depois vêm as provas específicas e, por último, a prova oral. A etapa mais difícil para mim sempre foi a prova oral. Tive dificuldade, e depois de sete tentativas é que consegui me firmar na carreira jurídica. Por quê? Porque entrava em verdadeiro pânico na prova oral. Para mim, era uma coisa assustadora. Até a posição que te colocam é uma posição na qual a pessoa se sente fragilizada, ou seja, fica uma banca de examinadores numa posição superior, o candidato fica numa posição inferior como se réu fosse, e atrás a platéia (risos).
Você fica na mesma posição dos gladiadores romanos: as feras na frente, o gladiador ali, e a platéia lá querendo sangue. É mais ou menos assim que você se sente.
Tive que bater sete vezes à porta para poder entrar. Agora, quando entrei, realmente valeu a pena. Numa prova desse nível, você não está competindo com ninguém, só está competindo consigo mesmo, porque no geral há mais vagas do que candidatos no final do processo. Você não está brigando com seu colega, está superando a si mesmo. Acho que é uma superação de você mesmo como gente. Tive que superar esse problema emocional para poder realmente chegar ao meu sonho profissional.
É maravilhoso. Você vai crescendo. Ontem estudei uma hora, hoje estudei duas horas. Gradativamente se vai aumentando o número de horas que se consegue estudar. É uma superação de si mesmo.
A vida de uma juíza federal:
Olha, não é fácil (risos). É engraçada a visão que o leigo em geral tem. Um dia desses, no elevador, ouvi um comentário: - Puxa, o juiz tem sessenta dias de férias!
A vida de um juiz federal e, em geral, dos profissionais que fazem o de que gostam, não é fácil. Há toda uma responsabilidade. A quantidade de processos é desumana. É a vida das pessoas para decidir; os bens mais preciosos do indivíduo encontram-se nas mãos dos juízes. Por exemplo, determinar a prisão necessária de um indivíduo e conceder liberdade provisória, quando a prisão é desnecessária. É sempre uma decisão urgente e técnica. São atributos essenciais para o exercício do cargo de juiz: a técnica e a razoabilidade. Não se pode trabalhar com a emoção, embora seja o Juiz um ser humano, na hora de decidir ele tem que ser imparcial. Todas as decisões são fundamentadas, por força de comando constitucional, com fulcro nas provas dos autos, o que nem sempre o leigo entende. Para alguns segmentos da sociedade a condenação à pena de prisão significa os horrores de um sistema falido, enquanto a absolvição equivale à impunidade a deixar no convício social um indivíduo que pode matar, roubar, sonegar. É uma responsabilidade muito grande.
O juiz tem sessenta dias de férias, mas em geral, vinte dias dessas férias passa decidindo os processos mais complexos. Então, sessenta dias de férias? Por vezes sábados, domingos e feriados encontram-se de plantão. É prazeroso? É. A magistratura é realização profissional. Reclamações? Não, você escolheu essa profissão. Há algumas dificuldades? Sim. Os recursos humanos são poucos, o material de trabalho também falta. Por exemplo, tive que colocar meu computador para o trabalho porque não havia computador disponível aqui.
O juiz ganha um salário digno, consegue viver com dignidade, mas não é nada que chega a espantar as pessoas como o salário de um jogador de futebol.
Relação do sucesso profissional e o estudo:
Acho que uma coisa é conseqüência da outra. O meu sucesso profissional realmente foi derivado dos estudos. Até porque no Brasil dizem que há preconceito racial. Isso é sabido, é notório. Então, para o negro chegar a um cargo de juiz é muito difícil. É difícil por quê? Não é que as pessoas vão te reprovar porque você é negro, mas é difícil um negro chegar à condição até de fazer um concurso. Por quê? Porque em toda a história do negro, desde quando abriram as portas das senzalas, e não deram a ele nenhum respaldo, ele esteve associado à classe pobre. Então para se chegar até aqui é um caminho árduo.
Tenho uma coisa comigo que é algo maravilhoso! É que fui a primeira mulher negra a ser juíza federal na 2ª Região, e isso só dependeu de mim, do meu estudo. Nunca sofri preconceito racial, acho que o preconceito no Brasil é mais social. O negro pode chegar a juiz federal? Pode, desde que ele estude muito e trabalhe muito. É mais difícil para o negro? É. Porque se você vem de uma determinada classe social será mais fácil comprar livros, estudar em bons colégios, freqüentar cursinhos. Se, pelo contrário, você vem estudando e trabalhando ao mesmo tempo, ganhando pouco, até chegar aqui é muito mais complicado, muito mais doloroso, mas você chega.
O meu sucesso profissional é esse de ter sido a primeira mulher negra juíza federal da 2ª Região. No Brasil inteiro somos poucos.
Mensagem para os jovens:
A mensagem que gostaria de deixar para os jovens, e muito especial para os jovens negros, é a seguinte: acho que o jovem negro não precisa que se tenha piedade dele, nem se deve tratá-lo como desigual. Por exemplo, a reserva de vagas para negros num concurso. Acho que isso fere o princípio da igualdade, da isonomia. Ele não precisa disso. O William Douglas usa um termo que acho muito interessante: só precisa de remédio aquele que está doente. A cor da pele não é uma doença. O que é preciso? É preciso estudar, ter força de vontade, ter um objetivo de vida. Se houver um objetivo de vida, e se se construir em cima desse objetivo, o sucesso é garantido.
Quem quiser ler mais sobre essa linda história e outras impressionantes indico comprar o livro: Estudar! O Caminho do Sucesso, de Falber Reis Freitas. Editora Impetus. Vale muito a pena!
Angelina é um exemplo de alguém que venceu pelo estudo, que não mediu esforços para alcançar o seu ideal.
Venceu a barreira social, mas havia um muro dentro dela mesma, que precisava ser transposto, derrubado: a dificuldade enorme que tinha de se expressar em público, algo que a prejudicou em algumas provas nos concursos para a magistratura.
Talvez esse seja o maior desafio: superar a si mesmo, mas ela mostrou que é possível.
Professora universitária, ministra as disciplinas de Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Penal e Processo Penal. Sua experiência docente inclui também o preparo de alunos para o processo seletivo da magistratura.
Trabalhou inicialmente na área privada, mudando depois para a área pública na qual ocupou vários cargos como o de Técnica Judiciária Juramentada, Analista Judiciária e Juíza Federal. Foi aprovada em diversos concursos públicos, dentre eles os de comissária de menores, Técnica Judiciária, Advogada Geral da União e Juíza Federal.
Início:
Angelina de Siqueira Costa
“Minha infância foi de uma criança pobre, mas com liberdade. Nós morávamos em casa, era uma criança criada solta, não tinha brinquedos caros, mas brinquedos criativos. Nós mesmos fazíamos os nossos carinhos, com lata, com pedaços de madeira, subíamos em árvores...Acho que isso contribuiu muito para o meu desenvolvimento como ser humano.
A minha mãe era semi-analfabeta, mas o meu pai tinha uma visão da importância da mulher estudar, muito antes dessa liberação toda.
Nós éramos quatro filhas, meu pai nunca na nossa infância falou: você vai casar com alguém de dinheiro, você vai ser dona de casa. Ele sempre nos passou a idéia de estudar, ser professora, naquela época significava independência financeira. Isso na década de cinqüenta. Ele já tinha uma visão da mulher atual, porque antigamente o que a mulher queria? Casar, ser mãe, ter filhos, não é? Meu pai não, ele já tinha a visão de que nós poderíamos fazer aquilo que nós quiséssemos, desde que estudássemos.
O primeiro contato com o mundo da escola:
Foi em piedade, morávamos lá. Estudei em escola pública. Parece que hoje a escola pública não representa mais aquilo tudo que representava na minha época de Ensino Fundamental, que era chamado primário.
Foi uma descoberta maravilhosa. Nós tínhamos uma responsabilidade muito grande de fazer deveres em casa, de leituras, até porque não se tinha a televisão. Por onde nós conheceríamos o mundo? Por meio do livro. Isso foi muito gratificante.
Atualmente, as crianças vêem o Sítio do Pica-pau Amarelo; eu li Reinações de Narizinho e fiquei encantada com aquele livro. Hoje você só aperta o botão da televisão, senta ali e fica inerte. A televisão é uma coisa boa? É, só que tira aquela criatividade que o livro dá. Ele vai te fazendo viajar, você vai imaginando, fazendo uma viagem, ao passo que na televisão não, as imagens já estão ali. Tive essa experiência, que foi muito boa para mim.
Dificuldades nesse primeiro momento de estudante:
Nós encaramos várias. Levar merenda para a escola às vezes era difícil, era um pão com manteiga e açúcar. Também a questão de roupa, sapatos, livros, era tudo muito difícil.
Nós éramos quatro, a minha família não tinha recursos materiais para tanto, mas ao mesmo tempo botávamos papelão no sapato que furava e aproveitávamos até o final dele. Valia a pena, pois tínhamos a consciência de que poderíamos mudar aquilo estudando e crescendo profissionalmente.
O dia-a-dia sempre foi muito bom, pois sou uma pessoa muito aberta, que faz amizades muito rápido. Tive muitos amigos, principalmente porque sempre fui uma das primeiras alunas da escola. As colegas gostavam de ler, de aprender e chegavam até mim como se fosse eu uma professora. A gente ia para casa, estudava em grupo, eu ensinava. Até hoje isso é muito gratificante para mim.
Quando não tinha dinheiro para comprar determinados livros que a escola recomendava, às vezes as colegas que tinham melhor poder aquisitivo compravam e me passavam para ler e ajuda-las na leitura.
Professores que marcaram:
Foram vários os que marcaram, mas uma a quem agradeço até hoje é a professora Dora, do Colégio Progresso. Ela nos passava a necessidade da pesquisa, da leitura, de não ficar só com aquilo que o professor ensinava em aula, mas a curiosidade de buscar mais. Ela era professora de português e, cada prova, cada exercício era sempre por meio da leitura.
Li muito naquela época, e aprendi a gostar de Monteiro Lobato, José de Alencar, Machado de Assis. Toda a nossa formação foi com base nesses autores. Dali, ela extraía a gramática e a literatura, e cada livro para nós era uma descoberta nova.
A adolescência e a relação com a escola:
Sempre fui uma pessoa ambiciosa, no bom sentido. Sempre acreditei que podia e que queria, ou seja, sempre quis e, com uma certa dificuldade, pude.
Só que na adolescência houve um complicador: meu pai faleceu quando eu tinha por volta de quatorze anos, então tive que trabalhar numa casa de família, que era de uma professora minha, e ainda estudar. Ajudava a fazer limpeza e aprendi muito com ela. Foi uma fase gratificante para mim, porque todas aquelas coisas que sei hoje fazer numa casa e faço tudo, comida, qualquer coisa, se estou sem empregada, aprendi com ela.
A gente tinha que trabalhar para ajudar em casa, já não havia mais o pai. Depois, ainda adolescente, fui trabalhar em fábrica. Trabalhei na fábrica de jeans, em Del Castilho, no Rio de Janeiro. Depois, com dezoito anos, fiz concursos para telefonista da TELERJ. Nesse ínterim, passei para a faculdade.
Quando fiz a faculdade, foi uma fase muito estressante porque, como telefonista, o meu salário era para o meu estudo e para ajudar em casa. Queria fazer cursinho preparatório para o vestibular e não tinha condições financeiras, só podia passar para uma faculdade pública, então estudei muito.
Sempre acredito muito em mim, que sempre posso. Então falei: tenho que me dedicar neste ano exclusivamente ao estudo. Morava em Inhaúma, no Rio de Janeiro, trabalhava no Leme, e estudava em Niterói. Fazia quase um triângulo. Chegava a casa à meia-noite, e acordava às seis da manhã. Estudei muito, e, quando saiu meu nome como aprovada na Universidade Federal Fluminense, foi extremamente gratificante.
A escolha:
Na adolescência, pensava muito em ser médica. O que você vai ser? Vou fazer medicina. Depois mudei de idéia porque comecei a ler sobre Direito. Caiu em minhas mãos, por acaso, uma apostila de Direito. Comecei a estudar, gostei e pensei: é isso que gostaria de estudar e saber.
No início dos estudos, não estava direcionada para a magistratura. Meu sonho inicial, quando estava fazendo a faculdade, era a Defensoria Pública, mas depois que iniciei o meu trabalho na Justiça Federal comecei a me preparar para a magistratura federal, e também fazia outros concursos.
Tive uma dificuldade muito grande de ultrapassar as provas orais. Passei na prova para defensoria, passei no ministério público, e não magistratura, nas fases escritas. Ficava sempre na última fase, que era a prova oral. Quando passei para a Advocacia Geral da União, que não tinha prova oral, passei também para a magistratura federal. Então não foi uma escolha de profissão, foi uma escolha de ramo.
Tive que fazer um trabalho de terapia, pois tinha muita inibição em me expressar verbalmente. A prova tinha três fases. Não conseguia passar na barreira da prova oral. Até que, depois de dois anos de terapia, consegui, e hoje faço audiência com tranqüilidade.
A prova oral é um mal necessário, porque, se você é profissional do Direito, tem que fazer audiência, como defensor, promotor ou juiz. Você não pode se inibir diante de ninguém. Tive que trabalhar isso.
Tinha oito horas de trabalho e precisava aproveitar todo o meu tempo livre para estudar. Na minha hora de almoço, ficava estudando, e quando chegava a casa estudava até que o sono me vencesse. Só poderia passar para uma faculdade que não tivesse que pagar estadual ou federal.
Quando me caiu em mãos um livro de Direito, lembro-me de que era Direito Civil, comecei a folhear, achei interessante e passei a ler. Aquilo me apaixonou e daquele momento em diante o meu sonho de adolescência, que era Medicina, passou a ser Direito. Isso aconteceu no segundo grau.
A vida acadêmica:
Foi um sonho realizado. Uma das coisas que me marcou muito foi que quando saiu o meu nome no jornal dos Sports, naquela época estávamos atravessando um fase em que conseguíamos pagar as contas, mas não podíamos fazer nenhum gasto extra, como comprar um champagne, por exemplo. Então fui à padaria, comprei uma coca-cola, e assim brindamos o meu sucesso. Fui a primeira pessoa da família a cursar o nível superior e isso foi muito marcante no meu ambiente familiar, até porque servi de referência para outros membros da família que cursaram ou cursam a universidade.
Já no início da vida acadêmica, eu trabalhava durante o dia e estudava de noite. Não ia à faculdade para brincar, e aquilo que não me era passado pelos professores eu estudava por fora e buscava preencher possíveis lacunas. A vida acadêmica do aluno depende muito dele.
Momentos de crise na graduação:
A dificuldade maior era a falta de prática, porque entendo que faculdade te dá muita teoria e muito pouca experiência prática. A noção que se tinha da prática era muito superficial. Não havia laboratório. Que eu me lembre, só tivemos um júri em uma única ocasião, isso foi frustrante, pois esperava mais.
Quando vi essas dificuldades, comecei a trabalhar em cima delas. Por conta própira, durante as minhas férias, ia para o tribunal do júri, assistia a audiência a audiências. Laboratório na faculdade foi muito escasso. Outra coisa desagradável foi a falta de professores. Mas isso não chega a desmotivar a quem tem um propósito na vida.
Atividades profissionais antes da magistratura:
Minha primeira atividade profissional foi como doméstica. Meu pai morreu e a necessidade financeira fez com que eu trabalhasse em casa de família para dar continuidade aos meus estudos.
Depois disso, trabalhei numa fábrica de jeans, também com o mesmo propósito de continuar estudando. Trabalhei na antiga TELERJ, como telefonista e assistente comercial. Como técnico judiciário, na justiça Estadual, a analista judiciária, na Justiça Federal do Rio de Janeiro.
Na Justiça Federal, no cargo de analista judiciária, exerci a função comissionada de oficial de gabinete, função que me possibilitou a estudar mais e melhor, vindo a conseguir passar no concurso de provas e títulos para a Advocacia Geral da União e Magistratura Federal.
Processo de preparação para a magistratura e sobre o concurso em si:
Poderia definir a preparação como sendo um longo, lento e espinhoso caminho. É muito difícil. É uma preparação quase desumana. Você esquece que tem família, que tem vida social. Você se dedica vinte e quatro horas à preparação. Isso se agrava quando se tem que trabalhar ao mesmo tempo.
Quando me preparava para a magistratura, meu horário de trabalho era das 11 às 19h. O que eu tinha que fazer? Tinha que me preparar na parte da manhã das 6 às 9h30m, 10h. Depois me arrumava para ir ao trabalho. Quando voltava, era a mesma coisa, chegava a casa, fazia um lanche rápido e voltava a estudar até onze e pouco da noite.
Sábado, domingo, feriado, férias, isso não existe. Você está se preparando para um concurso, está querendo realizar o sonho profissional da sua vida, e há um preço. No dia das mães, pegava o telefone e dizia:
- Mãe, um beijo. Eu te amo. Gosto muito de você. Vou fazer um depósito na sua conta para você comprar o seu presente.
E por aí vai. É difícil ter vida social, mas não me arrependo, faria tudo novamente! Valeu a pena!
O concurso:
O concurso propriamente dito é muito estressante. Você passa pela vida como se não existisse mais nada.
Primeiro, tem-se uma prova escrita, onde é feita uma peneira, que tira os possíveis. Dos dois, três mil candidatos, ficam cem, centos e poucos. Essa é a prova que vai realmente peneirar.
Depois vêm as provas específicas e, por último, a prova oral. A etapa mais difícil para mim sempre foi a prova oral. Tive dificuldade, e depois de sete tentativas é que consegui me firmar na carreira jurídica. Por quê? Porque entrava em verdadeiro pânico na prova oral. Para mim, era uma coisa assustadora. Até a posição que te colocam é uma posição na qual a pessoa se sente fragilizada, ou seja, fica uma banca de examinadores numa posição superior, o candidato fica numa posição inferior como se réu fosse, e atrás a platéia (risos).
Você fica na mesma posição dos gladiadores romanos: as feras na frente, o gladiador ali, e a platéia lá querendo sangue. É mais ou menos assim que você se sente.
Tive que bater sete vezes à porta para poder entrar. Agora, quando entrei, realmente valeu a pena. Numa prova desse nível, você não está competindo com ninguém, só está competindo consigo mesmo, porque no geral há mais vagas do que candidatos no final do processo. Você não está brigando com seu colega, está superando a si mesmo. Acho que é uma superação de você mesmo como gente. Tive que superar esse problema emocional para poder realmente chegar ao meu sonho profissional.
É maravilhoso. Você vai crescendo. Ontem estudei uma hora, hoje estudei duas horas. Gradativamente se vai aumentando o número de horas que se consegue estudar. É uma superação de si mesmo.
A vida de uma juíza federal:
Olha, não é fácil (risos). É engraçada a visão que o leigo em geral tem. Um dia desses, no elevador, ouvi um comentário: - Puxa, o juiz tem sessenta dias de férias!
A vida de um juiz federal e, em geral, dos profissionais que fazem o de que gostam, não é fácil. Há toda uma responsabilidade. A quantidade de processos é desumana. É a vida das pessoas para decidir; os bens mais preciosos do indivíduo encontram-se nas mãos dos juízes. Por exemplo, determinar a prisão necessária de um indivíduo e conceder liberdade provisória, quando a prisão é desnecessária. É sempre uma decisão urgente e técnica. São atributos essenciais para o exercício do cargo de juiz: a técnica e a razoabilidade. Não se pode trabalhar com a emoção, embora seja o Juiz um ser humano, na hora de decidir ele tem que ser imparcial. Todas as decisões são fundamentadas, por força de comando constitucional, com fulcro nas provas dos autos, o que nem sempre o leigo entende. Para alguns segmentos da sociedade a condenação à pena de prisão significa os horrores de um sistema falido, enquanto a absolvição equivale à impunidade a deixar no convício social um indivíduo que pode matar, roubar, sonegar. É uma responsabilidade muito grande.
O juiz tem sessenta dias de férias, mas em geral, vinte dias dessas férias passa decidindo os processos mais complexos. Então, sessenta dias de férias? Por vezes sábados, domingos e feriados encontram-se de plantão. É prazeroso? É. A magistratura é realização profissional. Reclamações? Não, você escolheu essa profissão. Há algumas dificuldades? Sim. Os recursos humanos são poucos, o material de trabalho também falta. Por exemplo, tive que colocar meu computador para o trabalho porque não havia computador disponível aqui.
O juiz ganha um salário digno, consegue viver com dignidade, mas não é nada que chega a espantar as pessoas como o salário de um jogador de futebol.
Relação do sucesso profissional e o estudo:
Acho que uma coisa é conseqüência da outra. O meu sucesso profissional realmente foi derivado dos estudos. Até porque no Brasil dizem que há preconceito racial. Isso é sabido, é notório. Então, para o negro chegar a um cargo de juiz é muito difícil. É difícil por quê? Não é que as pessoas vão te reprovar porque você é negro, mas é difícil um negro chegar à condição até de fazer um concurso. Por quê? Porque em toda a história do negro, desde quando abriram as portas das senzalas, e não deram a ele nenhum respaldo, ele esteve associado à classe pobre. Então para se chegar até aqui é um caminho árduo.
Tenho uma coisa comigo que é algo maravilhoso! É que fui a primeira mulher negra a ser juíza federal na 2ª Região, e isso só dependeu de mim, do meu estudo. Nunca sofri preconceito racial, acho que o preconceito no Brasil é mais social. O negro pode chegar a juiz federal? Pode, desde que ele estude muito e trabalhe muito. É mais difícil para o negro? É. Porque se você vem de uma determinada classe social será mais fácil comprar livros, estudar em bons colégios, freqüentar cursinhos. Se, pelo contrário, você vem estudando e trabalhando ao mesmo tempo, ganhando pouco, até chegar aqui é muito mais complicado, muito mais doloroso, mas você chega.
O meu sucesso profissional é esse de ter sido a primeira mulher negra juíza federal da 2ª Região. No Brasil inteiro somos poucos.
Mensagem para os jovens:
A mensagem que gostaria de deixar para os jovens, e muito especial para os jovens negros, é a seguinte: acho que o jovem negro não precisa que se tenha piedade dele, nem se deve tratá-lo como desigual. Por exemplo, a reserva de vagas para negros num concurso. Acho que isso fere o princípio da igualdade, da isonomia. Ele não precisa disso. O William Douglas usa um termo que acho muito interessante: só precisa de remédio aquele que está doente. A cor da pele não é uma doença. O que é preciso? É preciso estudar, ter força de vontade, ter um objetivo de vida. Se houver um objetivo de vida, e se se construir em cima desse objetivo, o sucesso é garantido.
Resumo da Ópera: Com essa história não há resumo da ópera! Estudar é sim, o caminho do sucesso! Bons Estudos!
8 comentários:
PARABENS PELA BELAS LIÇOES QUE TANTO NOS INSPIRAM.....
AGRADEÇO A DEUS PELA VIDA DE PESSOAS QUE IMPULSIONAM AS OUTRAS A PROGREDIR NA VIDA....A MUDAR O RUMO DE SUA HISTORIA PESSOAL....
AGRADECIDA
NEUMANN
oi, marcos!!
nossa parabénsssssss!
só para reforçar o que q foi postado pela pessoa anterior!
Admiro mt pessoas como vc que divulgam exemplos de vida maravilhosos, que nos fazem até ter vergonha de nossos pequenos problemas e dificuldades.
Adorei a história da Angelina. Fiquei realmente emocionada. Sou professora e concurseira. Irei passar adiante a história de vida dela certamente aos meus alunos da rede pública.
mt obrigada
um grande abraço
Juliana
Parabéns pela matéria. Moro em Macaé, e fui aluno da professora Angelina. Uma pessoa maravilhosa.
Parabéns pela matéria. Eu tive o prazer ter sido aluno da Drª Angelina....saudades das aulas dela...uma pessoa fora de série!
DANIEL PINHEIRO
Parabéns! Um depoimento que motiva qualquer pessoa.
Sinto-me animada.
Obrigada!
Exemplo de vida que deve sim ser divulgado, os tolos espelham-se nos ícones televisivos, nos mocinhos do cinema e esquecem de ser espelhar no ser real, que faz a diferença é pena que muitos só são exemplos depois de mortos. Parabéns pela matéria e a juíza Angelina de Siqueira, vida longa, espero sinceramente que minhas filhas sejam um pouquinho só desta mulher determinada. Ass. Don Fona Praia das Conchas Cabo Frio RJ
Linda História de superação,confesso que não perdi meu tempo lendo essa linda História inspirado ass.Allef dos santos Barbosa SP
Dra Angelina,
Emocionante a sua história de vida! Muita admiração!
Sou de Juiz de Fora e moro em Brasília-DF.
Gostaria, se possível, de obter o seu contato por email, whatsApp ou outra forma , para confirmar minha busca por pessoa de meu grande afeto. Já tentei diversas vezes e por diversas formas.
Esse e-mail é de minha filha, Dayse Campante.
Aguardo retorno. Um abraço, Ester Campante.
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